Artigo da Vereadora Lourdes
Sprenger (*) na Revista EM EVIDÊNCIA (No. 39)
Se você passeia pelas ruas de sua cidade poderá observar uma cena que se repete em todos os lugares: animais que ficam vagando, doentes, mutilados e com fome. Sofrem acidentes de trânsito, agressões, contraem doenças e as tramitem para outros animais e para o homem.
A questão do
bem-estar destes seres, que sofrem e se reproduzem de maneira descontrolada,
vem despertando o sentimento das pessoas e formando uma nova consciência sobre
relação homem/animal. São mudanças que nos conectam com manifestações de
compaixão e responsabilidade entre os mais variados ambientes, especialmente nas
redes sociais. E os foros de discussão indicam que precisamos buscar soluções
combinando educação, legislação eficaz e investimento em políticas públicas.
É verdade que a internet ajudou a causa animal a se legitimar com suas redes de participação social. Mas é graças à dedicação de voluntários na função de cuidadores, defensores, protetores, assim denominados, que sacrificam a vida pessoal compartilhando tempo e recursos (para custear alimento, vacina, esterilização, abrigagem provisória e campanhas de adoção), que hoje formamos uma cidadania ativa e frutífera.
Sem dúvida, ainda existe preconceito e falta de compreensão em relação a este trabalho. Mas, felizmente, é a obstinação dos cuidadores que vem influenciando positivamente comunidades, educadores, comunicadores, e isto têm gerado um impacto capaz de obrigar governos e legisladores a ser mais responsáveis. Por isto estamos abraçando a via institucional, a ação política, como forma de conquistar avanços e reduzir o deficit na relação do ser humano com a natureza. É um caminho natural, que visa suplantar o quadro de ineficiência, com dimensões de ordem social, ambiental e de saúde pública.
Reconheço,
por outro lado, que a iniciativa de proteger os animais não é exclusiva de
cuidadores ou protetores. Esta deve ser uma tarefa do ser humano, de quem é
sensível à causa, no interesse comum de criar um ciclo resolutivo frente as
dificuldades. Não há, entretanto, uma receita definitiva, mas tenho assumindo o
compromisso de sugerir caminhos. Entre eles, a experiência colaborativa e o
diálogo de quem vêm se entregando à tarefa diária de socorrer, amparar e
proteger, superando adversidades para salvar um animal ferido ou doente.
As
dificuldades são muitas. Há projetos para a área animal, que tramitam na Câmara
Federal desde 2002, mas sem esperança de aprovação. São propostas para
controlar a procriação e que tornam obrigatória a identificação de animais
domésticos (cujo abandono é um problema gigantesco para as prefeituras). Também
não existem programas federais nem repasses de recursos para políticas de
bem-estar animal aos municípios. Enquanto isso, embora o governo recolha
milhões de reais em impostos, já que temos a segunda maior indústria PET do mundo
(rações, medicamentos veterinários, serviços e utensílios), que faturou R$ 14,2
bilhões em 2012. São estas diferentes realidades que me animam a decidir pela
luta incessante em favor da causa animal.
(*) Lourdes Sprenger, Primeira vereadora (PMDB) eleita pela causa animal em Porto Alegre