Vereadora Lourdes Sprenger (Mandatos 2013-2016 e 2018-2020)

2ª Vice-Presidente Câmara Municipal P.Alegre e Procuradora Especial da Mulher. Contadora, Auditora. Presidente das Frentes “P.Alegre Sem Maus-Tratos aos Animais” e “P.Alegre Por Um Novo Pacto Federativo”. Deputada Federal Sup. 2015/18. Liderou Movimento "Carroças? Tem Solução! Inclusão Social Sem Sofrimento Animal"

17 outubro 2013

São Francisco e a Causa Animal

(*) Lourdes Sprenger


Ser um amigo dos animais e da natureza é uma identificação que herdamos de São Francisco.

Um exemplo que transcendeu a fé cristã e transformou num comportamento que conduziu homem a novas

sensibilidades. Por exemplo, é talvez a partir da mais antiga imagem de um preservacionista, como a deste

santo homem, que passados mais de 700 anos, se configurou um dos mais notáveis movimentos pela

preservação animal do planeta. Se hoje reverenciamos o Dia Internacional dos Animais, a 4 de outubro,

data de nascimento de São Franciso, no século 12, é exatamente porque nele celebramos esta capacidade

de respeitar a natureza e a vida animal.

As campanhas sociais, os noticiários, os projetos de conscientização, que os incansáveis

voluntários, ativistas e protetores realizaram ao longo dos últimos anos ganharam escala mundial.

Fortalecidos pela tecnologia e uma nova capacidade de influenciar por intermédio das redes sociais,

acumulamos uma experiência de benefícios e experiências que traduzimos numa linguagem universal e

acessível: popularizamos o termo causa animal porque o traduzimos em ação social.

Aqui em Porto Alegre, a movimentação começou pelas ações como fim do extermínio

indiscriminado; pela esterilização e controle populacional; pelas correntes de organização de fóruns e

palestras. Porém, ativistas solitários, pequenos grupos de protetores e voluntários de todas as latitudes

tomaram a frente de um movimento. Em pouco mais de uma década, passamos a cumprir tarefas em escala,

atuando com intensidade no combate ao abandono, resgate de animais acidentados, banco de alimentos e

castração. Formou-se uma verdadeira rede de proteção que, juntamente com comunidades e organizações

civis, passaram a dividir tais encargos com a criação de órgãos administrativos e implementação de políticas

públicas. O Rio de Janeiro foi pioneiro, depois veio Porto Alegre e hoje são inúmeras cidades.

Num primeiro momento enfrentamos um debate público em que se buscou esclarecer que

saúde pública envolve tanto investimentos para atender pessoas quanto destinar recursos para o bem-estar

animal. Neste aspecto, precisamos considerar que 57,7% dos lares brasileiros registram a presença de

animal de estimação (dados da ABINPET, 2012), gerador de um mercado bilionário, seja pela capacidade

de proporcionar emprego e renda como alto recolhimento de impostos. Da produção industrial de rações

aos laboratórios, veterinários, o Brasil é um dos maiores consumidores mundiais e, em breve, se tornará um

dos gigantes na oferta de serviços nas áreas de estética, clínicas e hospedagem. É justo, portanto, que se

destine um percentual, ainda que ínfimo, desta arrecadação à causa animal.

Nosso trabalho hoje em dia evoluiu em outras direções, especialmente no sentido de

encaminhar e fiscalizar tarefas e a qualidade dos serviços públicos oferecido à área animal. Procuramos

educar os jovens, sugerimos ações de solidariedade, tratamos de aperfeiçoar formas de convivência,

conscientização social e motivações emocionais que envolvem nossa relação com os animais. Nessa

direção é que propomos a criação de um Conselho Municipal de Defesa Animal, para agregar a

participação social, criando um cinturão de iniciativas;a criação de Cadastro informatizado do plantel de

 animais domésticos, sugerimos a implantação da Delegacia de Polícia de Defesa Animal, a cargo do

Estado, a quem estamos formulando sugestões de operacionalização; e elaboramos a proposta de restringir

a comercialização de filhotes em agropets.

Estas são algumas das alternativas que oferecemos para consolidar os avanços da causa

animal entre nossas comunidades e torná-la menos sofrida e mais gratificante, como pregava São Francisco.


(*) Vereadora do PMDB e ativista da causa animal