O cientista Róber Bachinsk disse
que há dez métodos alternativos ao uso de animais em pesquisas biológicas durante
palestra na Câmara de Vereadores. Róber, que é biólogo e mestre em toxicologia
ambiental, foi convidado a falar sobre o
tema “Pesquisa sem animais – incentivos e desafios”. O evento, realizado
em 28/01, foi promovido pelo vereador Marcelo Sgarbossa (PT), com o apoio do
GAE (Grupo de Abolição ao Especismo), e acompanhado pelo gabinete da vereadora
Lourdes Sprenger (PMDB).
Conforme o cientista, a substituição de
animais em pesquisas é possível e já está sendo realizada em toda a União
Européia – que começou o processo de modificação em suas pesquisas em 1979, e
proibiu o uso de cobaias em 2009. “Aqui no Brasil, esbarra-se na burocracia, na
falta de tecnologia, pois é necessária a atualização dos equipamentos dos
laboratórios, especialmente, das universidades e de conhecimento das técnicas
pelos pesquisadores”, afirmou. Por isso, ele defende que os estudantes procurem
seus professores para, juntos, buscarem a qualificação sobre os métodos
alternativos como o cultivo celular 3D e a utilização das células-tronco.
Acrescentou que, “a maioria dos pesquisadores são resistentes às mudanças,
pois querem fortalecer suas linhas de pesquisa, mas esta resistência acontece
por falta de conhecimento ou mesmo por comodidade”.
Legislação
A Lei Federal 9.605/98 prevê pena para quem realiza experiência dolorosa
ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando
existirem recursos alternativos. Mas a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa), obriga a testagem de produtos em animais, principalmente de
cosméticos e medicamentos, para a concessão do alvará de comercialização. Isto
caracteriza o paradoxo da nossa legislação.
Para Róber, “aqui no Brasil, os animais ainda estão nas pesquisas em
razão do medo dos pesquisadores, pois se algo der errado, a desculpa perfeita é
que foram realizados testes em animais como é recomendado”. Ele lembrou, ainda,
que este procedimento não é uma garantia, como no caso da substância
talidomida, que foi testada em ratos onde não houve alterações, mas que
utilizados por mulheres grávidas causou deformações aos bebês.
Para o pesquisador, será um grande avanço quando o Brasil puder
desenvolver os métodos alternativos de substituições de testes que já são
utilizadas na Europa. Quando isso ocorrer, sugere que o primeiro foco seja a
criação de pele artificial para os testes de corrosão, e nas testagens in
vitro, que podem substituir os coelhos (animais mais utilizados nos testes de
sensibilidade) por amostras de sangue humano e pelo cultivo celular.
Assessoria do Gabinete