Fotos: Esteban Duarte/CMPA |
A Promoção da Vida e a Prevenção ao Suicídio, com ênfase
à campanha do Setembro Amarelo, foi o tema da reunião promovida na manhã desta
terça-feira (18) pela Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara
Municipal de Porto Alegre. Presidida pela vereadora Lourdes Sprenger (PMDB), a
reunião contou com a presença de representantes de órgãos da saúde, segurança e
de organizações não governamentais em nível municipal e estadual. De acordo com
a psiquiatra Roberta Rossi Grudtner, representante do Sindicato Médico do Rio
Grande do Sul (Simers), a cada dez mortes por suicídio, nove poderiam ter sido
evitadas a partir de ações preventivas, “baseadas na identificação de
evidências e campanhas de conscientização”. Ela ressaltou ainda que a maioria
dos casos está relacionada a doenças como depressão, alcoolismo, drogadição,
bipolaridade, esquizofrenia e outros transtornos de personalidade.
Marilise Fraga de Souza, especialista em saúde mental da
Secretaria Estadual da Saúde, disse que foram realizados quatro seminários para
a capacitação de profissionais da saúde ao longo de 2016, preparando-os para
identificar e encaminhar casos de tentativas de suicídios. O objetivo, segundo
ela, é o de qualificar os atendimentos. Andréia Volkmer, coordenadora do Núcleo
de Doenças e Agravos Não Transmissíveis, da Secretaria Estadual da Saúde,
destacou que o trabalho de prevenção tem avançado a partir da criação de um
grupo de trabalho que, em breve, deverá se transformar em um comitê intersetorial.
“Desde 2011 é compulsório o preenchimento de uma ficha de notificações dos
casos de violência que entram por qualquer local de atendimento em saúde e,
entre 2014 e 2015, houve um aumento significativo do preenchimento desse
documento, o que permite que novas estratégias possam elaboradas”, declarou.
Presidente da Junta Médica da Brigada Militar, a major
Denise Alves Riambau Gomes apresentou um dado relativo ao elevado número de
casos na corporação. “Isso é um fenômeno mundial e acontece devido ao estresse
e ao acesso facilitado aos meios para a autoviolência”, ressaltou. Conforme a
oficial da Brigada, a instituição também está inserida no debate em outras esferas
da sociedade. “Somos chamados em várias situações em que pessoas ameaçam contra
a própria vida”, disse.
Rita Buttes, assessora técnica da Gerência de Políticas
Públicas da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), afirmou que há uma preocupação
quanto à qualificação da identificação e monitoramento dos casos de lesões
autoprovocadas. Segundo ela, o monitoramento não se dá apenas durante o
atendimento nas unidades de saúde, mas também após a saída do usuário do
sistema. Também que não é um caso isolado do setor de saúde, mas de outros
órgãos e de toda a sociedade. Lembrou que a SMS participa do grupo de trabalho,
criado em nível estadual, e está presente nas ações para dar visibilidade a
ações como a do Setembro Amarelo.
Sinais
de alerta
Carlos Pacheco, coordenador de Políticas Públicas da
Secretaria Municipal da Saúde, disse que é preciso falar da tristeza e
ultrapassar os bloqueios sociais e culturais que levam muitas pessoas à solidão
e ao sofrimento. Segundo ele, é preciso capacitar agentes de saúde e comunitários
para a identificação de sintomas, para que percebam pequenos sinais que possam
evoluir para um transtorno de personalidade e o risco à vida das pessoas.
Vitor Alfredo Stumpf, médico pediatra aposentado e
voluntário na Associação em Defesa da Saúde Mental Integral (Adesmi), relatou
que é comum o caso de ameaça à própria vida entre crianças. “Na maioria das
vezes provocados pela rejeição familiar ou bullying na escola”, acrescentou.
Lembrou que um problema é a falta de recursos para o tratamento da saúde
mental.
Sandra Kurtz, psicóloga da SMS, fez um histórico do
Programa Viva, criado em 2006, que estabeleceu o preenchimento da ficha de
notificação dos casos de violência que ingressam no sistema de saúde da
capital. “Mesmo tornado compulsório o preenchimento, a partir de 2011, que
elevou em mais de 50% as notificações entre 2014 (165 casos) e 2015 (359
casos), ainda é preciso conscientizar os profissionais para a importância
desses dados à vida das pessoas, pois quem tenta (o suicídio) não tenta apenas
uma vez”, assinalou. Ainda ressaltou que, entre os homens, o uso de arma de
fogo e enforcamento é o mais comum, sendo o uso de medicamentos a mais comum
entre as mulheres.
Liziane Eberle, vice coordenadora regional do Centro de
Valorização da Vida (CVV), disse que a organização trabalha voluntariamente
pela redução de danos, por meio do convencimento à vida de pessoas que estão em
depressão profunda e procuram o atendimento telefônico e os outros meios
eletrônicos disponíveis, como chats e skype. Ela recordou que o CVV existe no
país desde 1962 e no Rio Grande do Sul atua há 42 anos. Atualmente possui seis
postos e, até o final do ano, deverá ampliar para nove. Liziane colocou à
disposição o número telefônico 188,
gratuito para linha fixa e celular, que funciona nas 24 horas do dia. Por fim,
salientou que o Setembro Amarelo foi criado em 2014, a partir da data do Dia
Mundial de Prevenção ao Suicídio, transcorrido em 10 de setembro, e da cor
amarela, que a exemplo dos semáforos, sinaliza a atenção.
Ao final, a presidente da Cosmam, vereadora
Lourdes Sprenger (PMDB), informou a inclusão das notas
taquigráficas da reunião no relatório anual da comissão.
Texto: Milton Gerson (reg. prof. 6539)
Edição:
Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)
Com alterações pela assessoria
Com alterações pela assessoria
Homenagem pelo Dia do Médico
A vereadora Lourdes aproveitou a
ocasião para fazer uma homenagem pela passagem do Dia do Médico, comemorado na
mesma data:
"Gostaria de aproveitar que
estamos falando sobre a valorização da vida e lembrar que hoje é o Dia do
Médico – este profissional que dedica a vida a cuidar da saúde e do bem-estar
de todos nós. Cada etapa da vida, cada parte do nosso corpo, tudo é o objeto da
atenção e do estudo do médico. E quando o assunto é Medicina, falamos de muito
estudo, constante especialização, preocupação com a atualização do
conhecimento. Porque o médico nunca termina de aprender, e quem ganha com isso
somos todos nós. Nosso agradecimento e respeito a todos estes profissionais”